Vale da Trave mantém a tradição do Baile da Pinha

A tradição do Baile da Pinha, também conhecido por Baile da Pinhata em algumas regiões do país, vem de épocas antigas e realiza-se num espírito cristão litúrgico do domingo "Laetare", domingo em que sensivelmente ao meio da Quaresma a Igreja convidava os fiéis a porem de parte a penitência e celebrarem a alegria da antevisão da Ressurreição de Jesus na Páscoa que se aproximava. Enquadrava-se, portanto, no mesmo sentido em que se insere o "Demi-Carême" francês e a “Piñata”em Espanha.


Acredita-se que esta tradição teve origem na china. Nas celebrações do Ano Novo Chinês, sendo o navegador Marco Pólo o principal responsável pela divulgação da tradição, e pela sua expansão pela Europa. Em Itália adaptou-se o nome para “pignatta" e manteve a sua vertente religiosa, ajustando as festas da Páscoa.

Em Portugal, parece ser uma tradição que se constituiu por influência de Espanha, se nos reportarmos a uma notícia publicada num jornal de Elvas, o Transtagano, de 24 de Fevereiro de 1861, onde se escreveu: “este é o nome que tem o baile de máscaras que, no reino vizinho, pelo menos em Badajoz, costuma ter lugar no primeiro domingo de Quaresma”. A dar fé neste documento, nessa época a tradição dos bailes da pinhata ainda não estava implantada em Portugal.

Para muitos autores, o baile da pinha está intrinsecamente relacionado com o Carnaval e com a Páscoa, em que chegada a terça-feira e depois do Enterro do Entrudo, também designado como Enterro de Bacalhau, a mocidade, embalada pelos dias de folia, custava-lhe a despedida do Carnaval. Por isso, procurava a todo o custo prolongá-lo evitando mergulhar no período de abstinência que se ia seguir até à Páscoa. Assim, a meio da Quaresma, nas sociedades recreativas, faziam-se os bailes da pinha, que eram sempre muito concorridos. Com o tempo foi-se assumindo maior flexibilidade na data, para ir, assim, ao encontro dos foliões mais “necessitados”.

O baile consiste numa cerimónia de passagem de testemunho do Rei e da Rainha eleitos no ano anterior. Era assim no passado quando os pares eleitos marcavam presença assídua à festa no ano seguinte assegurando o ciclo da passagem do testemunho. Com a sala esplendorosamente decorada e repleta de gente, o momento solene da abertura do baile dáva-se com a chegada do Rei e Rainha do baile da pinha do ano anterior, acompanhados pelos respectivos amigos (vassalos e aias ou damas de honra). A fantasia e riqueza dos trajes dependem muito da imaginação, do brio dos organizadores e das personagens. Dois grandes bolos e bebidas são oferecidos pela Juiz e Escrivã nomeados para a Festa Religiosa  do Vale da Trave. Dança-se alegremente até altas horas da noite. As altas horas da madrugada é chegado o momento de maior expectativa, de grande emoção. Trata-se da "dança da pinha" ou "dança da fita". Só os pares solteiros (assim era no passado) que compraram as fitas, que previamente foram numeradas por sorteio ou leiloadas, é que podem dançar. A enorme pinha de madeira encontra-se pendurada ao tecto no meio da sala, envolvida por dezenas de fitas que pendem.

A dança da pinha pode durar uma hora ou mais e tem por finalidade abrir a pinha. Ao longo da dança, o animador do baile vai anunciando, por ordem, o número do par, a pinha é descida à altura de se puxar uma fita. A dança dura até que "a fita premiada" acciona um mecanismo de abertura da pinha, soltando os brindes que se encontram no seu interior.
É o momento de maior emoção, em que há gritos de alegria e se aplaude o novo Rei e nova Rainha, que abriram a pinha. É o fim de um reinado e o começo de outro. Depois os novos eleitos dão início a outra série de danças onde partilham com os pares concorrentes o bolo e a bebida.
A tradição do Baile da Pinha no Vale da Trave tem sofrido alterações ao longo dos tempos. Na actualidade, o papel do par eleito no ano anterior está remetido à juiz e escrivã nomeados para a realização dos festejos religiosos.



Significado Católico 

O significado das "Pinhatas" refere-se basicamente à luta entre o bem e contra o mal, em que o mal é representado pela “Pinha” e os brindes a graça que se recebe com o perdão dos pecados. Na sua origem a “Pinha" era uma estrela de sete bicos, os quais simbolizam os sete pecados mortais. As "Pinhatas" são vistosa e com muitas cores, o qual simboliza o atractivo das tentações e do pecado.



Comentários

Mensagens populares